Música !


Concerto na Gulbenkian no dia 7 Dezembro 2005, Michel Camilo sozinho frente a um Steinway que não tardaria a querer fugir dali com a "cauda" entre as pernas. É que um Steinway da Gulbenkian até está acostumado a levar com um Rachmaninov ou outro compositor russo em cima, mas um Camilo...é outra história! Oriundo da Républica Dominicana, estudante aplicado do Conservatório Nacional, rapidamente descobriu a energia da música latina e a acidez das harmonias jazzísticas para se tornar um pilar do latin-jazz actual. Mas voltando ao concerto. O que fica mais facilmente na memória é um truque de magia. Este músico simplesmente consegue fazer desaparecer as mãos. Aí deixa de ser um simples pianista para passar a ser "O Senhor do Piano" (há quem prefira ser o Senhor dos Anéis, ou dos Azeites...). Os primeiros minutos do concerto ficam marcados por uma técnica prodigiosa que nos deixa com aquele sorriso parvo nos lábios de quem está a ver algo que nos parecia impossível. A partir desses momentos as fronteiras do nosso imaginário esticam mais um pouco. Michel Camilo é um esticador! Um estilo único que aposta quase tudo na virtuosidade, com tudo o que isso implica de bom e mau. Bom pelas razões acima indicadas, mau porque o risco de saturação é muito maior. O virtuosismo implica tanta repetição dos mesmos gestos que estes acabam por se tornar inevitáveis. No caso da improvisação acaba por criar-se um barreira artificial entre o músico e a música, sendo que a improvisação requer uma total harmonia entre saber teórico/técnico e musicalidade. No caso de Michel Camilo, a técnica impressiona sempre mas acaba por invadir demasiado a musicalidade que ao fim de 1 hora e um quarto de concerto...faz falta! Mas só vendo e ouvindo...
CD recomendado: "Spain" com o guitarrista flamenco Tomatito, com uma versão fantástica do Spain de Chick Corea.
LOUIS

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