Brad Mehldau!

Trio do Brad Mehldau sexta-feira 10 /02/06 no CCB. Por curiosidade, antes de eu escrever esta crítica, a Ella foi procurar alguns comentários "bloggeiros" sobre o concerto. As opiniões são diversas. Por unanimidade se reconhe o valor artístico do pianista e seus acompanhantes (também sou unânime!). Falta talvez referir que o que faz dele um MEHLDAU e não outro qualquer é a sua linguagem própria ao improvisar (a tradição jazzística combinada com a sua melancolia "clássica") e uma técnica de mão esquerda única (não conheço nenhum pianista que faça algo parecido com aquilo!). Depois ouve quem achasse que o concerto nunca "descolou", que a inspiração do pianista não estava lá, que o concerto foi perfeito, que os 3 encores foram demais ou demenos. Na minha opinião: a inspiração estava lá, sem dúvida, nem que tenha sido só nalguns momentos sublimes. Acho que é muito difícil para um músico jazz, seja de que "ranking" for, encontrar inspiração inesgotável numa sala gigante (e um palco não mais pequeno) como o CCB. Aquilo não se parece de todo com um lugar quente, acolhedor e estimulante, em que se sente proximidade do público. Quem está no palco nem sequer consegue ver o público (experiência própria!). Não quero com isto desculpar o Mehldau, só quero salientar o pensamento que tive ao entrar no Grande Auditório: quem me dera poder ver este trio a tocar no Hot Clube! Acho que esse seria sem dúvida o concerto memorável a que eu queria assistir. Quem quiser ouvir o Mehldau a "levantar vôo", acho que essa é a única maneira. As gravações dele ao vivo em pequenos clubes são sem dúvida as mais fugazes. Mas o Brad não é só isso. O Brad é muito amor pela música, é uma sonoridade límpida e redonda misturada com blues, é a tal "melancolia" sempre presente, é a exploração da melodia até à exaustão. É um grande conhecimento não só do jazz mas também do pop do seu tempo, do nosso tempo, é a actualidade da música nos seus dedos. Conclusão: fosse o concerto que fosse, seria incapaz de criticar severamente o Brad Mehldau tendo em conta o gigante músico que ele é. O concerto foi bom. Qualidade excelente, etc etc. O repertório escolhido? Foi o que não permitiu o concerto chegar ao muito bom. CCB? Foi o que não permitiu chegar ao excelente. Fico à espera de uma próxima! (por enquanto vale o concerto com antigo trio no Jazz in Marciac 2002!)
LOUIS

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